Amor de Fim
vira mesa,
põe mesa, torce a corda, banha no sol, acalma a horda, porque estamos juntos. juntos de bastar: ela sentada no meu colo de verão, e eu deitado no seu espírito até frágil, mas vibrante e meio colossal. ai, dá em dúvida. ela, bonita, croata de frente, formada em flores de plumas de jardim, sempre bela, igual sol de inverno, sempre afim de jorrar o quente. ai,vem a dúvida. todo homem tem, se não tem um dia vai encontrar, como se acha um cacho de uva, esquecido no pomar. eu não gosto mais dela. ela não gosta mais de mim. nem abrindo janela pra entrar algum vento, ou fechando portas, pra esconder o céu azul. estamos igual fundo de panela: não servimos mais pra nada. e esta história fim não tem: não há como se largar um do outro, nem carregando a bandeira dos solitários. o tempo morreu em nós, passamos da época, viramos saudade de criança. agora, vai dizer isso pra ela: -não digo não! vem dizer pra mim, não aceito não ! quem mandou casar a gente? sabendo que o enlace começa de um lado e termina do outro. azar! somos agora um par que mora no fim do mundo. amor danado! começa e sempre tem fim! e ainda dança na ala dos alados ! fim, não tem! tem fingido de arder, tem ungidos, sem prazer !
José Kappel
Enviado por José Kappel em 05/04/2006
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