Minhas Bodas
Fui casar e deu nisso,
fui descobrir um paraiso de flores , amor e felicidade tudo bem armado pela comunidade. Fui descobrir logo que casei, no primeiro ano, que a gente tem que cumprir uma série de coisas e leis para festejar as bodas de cada dia, onde às vezes você está em dano, Mas tem que cumprir religiosamente como rei. Assim veio as Bodas de Algodão Todo entusiasmado - era o primeiro ano. de um amor eterno que floresce no coração: Castiço, puro, tudo parecido com os dos anjos. Depois veio as Bodas de Papel, no segundo ano, não foi muito festejado, mas a data foi lembrada com uma pequena festa sem dano, para um casamento feliz e coroado. Veio as Bodas de Couro: Já não tinha animação mas tinha amor Entendíamos um ao outro como uns loucos, e festejamos com alegria interior e com muita cor. Veio lá as Bodas de Flores - eram de quatro anos.Tim-tim! Não havia muito entusiamos assim, As coisas corriam iguais: do trabalho para casa E jamais tentar em ir prá rua bater asas. E o tempo foi passando Veio as Bodas de Madeira Isso é lá coisa que se comemora?Mais ainda amando. Pois todo mundo foi lá em casa, e todos sentaram a falar e a falar sentados na cadeira. A coisa foi andando e o tempo passando veio as Bodas de Açúcar - seis anos! E eu de tanto trabalhar e amar,cansando de todo ano ter alguma coisa prá eu ir comemorando! Veio 7 anos - Bodas de Lã - e caiu no inverno! Nos agasalhamos bem e mais cedo pra cama fomos, Pois a festa ia ser na cama com promessas de eternos. E fomos nós comemorar no colchão quase aos tombos. Veio as Bodas de Barro - nome esquisito. Mas lá se iam 8 anos de amor permanente fomos de mãos dadas passear com o espirito leve e gracioso às bordas de uma igreja - ela tinha virado crente! O tempo cruel passa rápido como um véu. Chegou as Bordas de Ervas - 9 anos! Cheguei tarde em casa prá evitar a festa do céu. E assim a comemoração foi somente de leves panos. 10 anos - Bodas de Estanho! que imaginação tem essa gente estranha! Tinha uma amiga, quase amante, e passei com ela horas bem falantes! 12 anos - Bodas de Seda. Mas lá em casa, com tanto filho, Foi mais uma zona deles Do que um festejo rijo. Bodas de Renda - lá fui eu pros 12 anos. Foi um beijinho aqui, outro ali. Festa não houve, nem seda, nem panos. Ninguém lembrou e eu de impaciência quase me perdi. Veio as Bordas de Marfim - 14 anos se passaram! Eu fui prá casa da amante descansar enquanto a mulher, graciosa e meiga, foi prá igreja rezar! Chegou 15 anos e lá veio as Bordas de Porcelana e prá a verdade dizer mais pareciam cem anos! Dei prá ela um presente - uma persiana! prá dividir o quarto em duas camas. Veio as Bodas de Cristal 20 anos se passaram ! E veio na hora pois nosso amor já estava bem assado. E a coisa continuou - que coisa linda! Bodas de Prata, data magna, mas sem pontas! Veio gente de todo lado e com toda pinta que a festa era mas prá comer, até se o menu fosse onça. Passou mais um ano e veio a de Pérola Eu já gasto e cansado já estava meio cheio dela! Assim fingimos que data nenhuma havia prá festejar E cada um foi pro seu canto pensar, sem alardear! Veio mais uma. A coisa não acabava: Bodas de Esmeralda! Fui dormir mais cedo e bem alado pois nada mais tinha prá levantar! Bodas de Rubis - 40 anos! Que canseira! Ver todo dia a mesma cara rezeira e cheia de panos: Fui mesmo namorar minha amante que tinha. Bodas de Ouro, lá se foram 50 anos Todo mundo vivo e eu senti que tinha entrado pelo cano, Pois não era mesmo dela que gostava Mas veio gente de todo lado festejar tal ano! 60 anos - Boda de Diamante - que trapalhada ! Chegei em casa meio bêbado e pálido Não aguentava mais tal casamento E ela continuava crente e árida. E tinha mais - Bodas de Prata Dourada Nome mais esquisito inventaram prá tal amor descambado! Passei quase a noite vendo Tv e mal alimentado! Finalmente Bodas de Carvalho: Uma barra pesada onde falta amor e carinho Eu já sem gás onde onde não subia nem com Viagra Passei a data, cheio de cobertas e maldosas piadas! Agora nem em pé de guerra,nem na paz, nem de colher, Nada, mais nada levanta mais ! Nem que muito reze!
José Kappel
Enviado por José Kappel em 15/04/2006
|