José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos

Minhas Bodas
Fui casar e deu nisso,
fui descobrir um paraiso
de flores , amor e felicidade
tudo bem armado pela comunidade.

Fui descobrir logo que casei, no primeiro ano,
que a gente tem que cumprir uma série de coisas e leis
para festejar as bodas de cada dia, onde às vezes você está em dano,
Mas tem que cumprir religiosamente como rei.

Assim veio as Bodas de Algodão
Todo entusiasmado - era o primeiro ano.
de um amor eterno que floresce no coração:
Castiço, puro, tudo parecido com os dos anjos.

Depois veio as Bodas de Papel, no segundo ano,
não foi muito festejado, mas a data foi lembrada
com uma pequena festa sem dano,
para um casamento feliz e coroado.

Veio as Bodas de Couro:
Já não tinha animação mas tinha amor
Entendíamos um ao outro como uns loucos,
e festejamos com alegria interior e com muita cor.

Veio lá as Bodas de Flores - eram de quatro anos.Tim-tim!
Não havia muito entusiamos assim,
As coisas corriam iguais: do trabalho para casa
E jamais tentar em ir prá rua bater asas.

E o tempo foi passando
Veio as Bodas de Madeira
Isso é lá coisa que se comemora?Mais ainda amando.
Pois todo mundo foi lá em casa, e todos
sentaram a falar e a falar sentados na cadeira.

A coisa foi andando e o tempo passando
veio as Bodas de Açúcar - seis anos!
E eu de tanto trabalhar e amar,cansando
de todo ano ter alguma coisa prá eu ir comemorando!

Veio 7 anos - Bodas de Lã - e caiu no inverno!
Nos agasalhamos bem e mais cedo pra cama fomos,
Pois a festa ia ser na cama com promessas de eternos.
E fomos nós comemorar no colchão quase aos tombos.

Veio as Bodas de Barro - nome esquisito.
Mas lá se iam 8 anos de amor permanente
fomos de mãos dadas passear com o espirito
leve e gracioso às bordas de uma igreja - ela
tinha virado crente!

O tempo cruel passa rápido como um véu.
Chegou as Bordas de Ervas - 9 anos!
Cheguei tarde em casa prá evitar a festa do céu.
E assim a comemoração foi somente de leves panos.

10 anos - Bodas de Estanho!
que imaginação tem essa gente estranha!
Tinha uma amiga, quase amante,
e passei com ela horas bem falantes!

12 anos - Bodas de Seda.
Mas lá em casa, com tanto filho,
Foi mais uma zona deles
Do que um festejo rijo.

Bodas de Renda - lá fui eu pros 12 anos.
Foi um beijinho aqui, outro ali.
Festa não houve, nem seda, nem panos.
Ninguém lembrou e eu de impaciência quase me perdi.

Veio as Bordas de Marfim - 14 anos se passaram!
Eu fui prá casa da amante descansar
enquanto a mulher, graciosa e meiga,
foi prá igreja rezar!

Chegou 15 anos e lá veio as Bordas de Porcelana
e prá a verdade dizer mais pareciam cem anos!
Dei prá ela um presente - uma persiana!
prá dividir o quarto em duas camas.

Veio as Bodas de Cristal
20 anos se passaram !
E veio na hora
pois nosso amor já estava bem assado.

E a coisa continuou - que coisa linda!
Bodas de Prata, data magna, mas sem pontas!
Veio gente de todo lado e com toda pinta
que a festa era mas prá comer, até se o menu fosse onça.

Passou mais um ano e veio a de Pérola
Eu já gasto e cansado já estava meio cheio dela!
Assim fingimos que data nenhuma havia prá festejar
E cada um foi pro seu canto pensar, sem alardear!

Veio mais uma. A coisa não acabava:
Bodas de Esmeralda!
Fui dormir mais cedo e bem alado
pois nada mais tinha prá levantar!

Bodas de Rubis - 40 anos!
Que canseira! Ver todo dia
a mesma cara rezeira e cheia de panos:
Fui mesmo namorar minha amante que tinha.

Bodas de Ouro, lá se foram 50 anos
Todo mundo vivo e eu senti que tinha entrado pelo cano,
Pois não era mesmo dela que gostava
Mas veio gente de todo lado festejar tal ano!

60 anos - Boda de Diamante - que trapalhada !
Chegei em casa meio bêbado e pálido
Não aguentava mais tal casamento
E ela continuava crente e árida.

E tinha mais - Bodas de Prata Dourada
Nome mais esquisito inventaram
prá tal amor descambado!
Passei quase a noite vendo Tv e mal alimentado!

Finalmente Bodas de Carvalho:
Uma barra pesada onde falta amor e carinho
Eu já sem gás onde onde não subia nem com Viagra
Passei a data, cheio de cobertas e maldosas piadas!

Agora nem em pé de guerra,nem na paz,
nem de colher,
Nada, mais nada levanta mais !
Nem que muito reze!
José Kappel
Enviado por José Kappel em 15/04/2006


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