Fui Me Meter Com Mulher Casada
tá certo a gente aguenta e inventa!
até um ponto, a gente segura, mas levar no colo mulher casada, é tiro e queda, é certo, louca pimenta ! cai na vesperal dos vários loucos, fui jogado na história de muitos, mas na hora que bate na nossa asa, tudo roda feito bêbado rouco ! não é que fui me entrelaçar de amor, com mulher casada! - pobre assado! não é que enrabichei, feito cachaça - com mulher casada ! - infeliz achado! tudo começou com um olhar de paixão, pois algumas mulheres sentem o amor brotar, na hora, quando de lassidão, um olha pro outro e ela diz: é esse meu novo varão ! o esse era eu e o essa era ela, na pura divagação, conversa começa, fala daqui, fala de lá, sem paralelos, igual trilhos que nunca rangem . e a coisa foi crescendo, a amizade aumentando, do samba-canção passou para orquestra harmônica, de tamborim, virou oboé. numa andança que não parava: só aumentava o desejo, virando amor de gigantes na palhoça de lençóis de fé. mas a mulher era bem casada, e eu também casado: duas coisas que não combinam, na mesa dos perdidos e assados. eu não passava sem ela ela, viva e muito azul, feito esplendor de céu, também não vivia sem mim. prato feito pra encrencas! foi crescendo até entre os crentes! povo sábio, descobre logo quando o homem sai dos trilhos, ou quando a mulher administra duas camas ou um pote vermelho de comer ! isso durou dois, três anos, o amor subjugou-se à paixão, ela, sempre esplendorosa feito faisão, eu, caidinho por aquela feitura de puras rosas de cantão. um belo dia, que era noite, eis que o homem dela, um tinhoso homão, dando banho de músculos e ignorância padrão, surge no de repente e também no súbito, me descobre em cima dela e passa a foguear tiro pra tudo que é canto. as balas passavam rentes, a mulher acoitou-se num canto, eu, no embaralho de lençóis me esquivava igual rena sendo caçada nos poentes varados. vi luz e pulei nela, varei a janela e no jardim florido, fui cair igual cozinheira cheia de panelas. e tudo virou caos, a mulher gritando avisada, eu correndo, quase nu anciava, chegar num abrigo. entrei no carro só de camisa e liguei o carro e só me senti homem de verdade quando o veículo virou a esquina, tão inclinado quanto às CPIs brasileiras: igual à pizza. bem, resumindo história: o homem mudou-se de cidade e levou consigo a mulher que era mais minha do que dele. nunca mais ouvi falar deles, mas minha vida virou história de cantorias nos bares da vila. onde enalteciam minha alforria. mas aprendi, nunca mais me meto com mulher casada, pois tudo acaba um dia igual a meu fim: sem mulher alada, e com com fagulhas de pólvora no meu órgão provedor, sem, ao menos poder registrar queixa na delegacia dos confins. ah! amor sem fim ! ah! pólvora dos diabos, que quase me deixa sem o meu pim-pim !
José Kappel
Enviado por José Kappel em 20/04/2006
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