Trato de Capacho
Dá duro na vida,
eu não dou mais não. me empurraram, socaram, levei pau, sofri em mãos de dissabores, fui trato e capacho. fui recado rápido e flanela suja, ficava pálido de raiva e inocência por tal vasto! dêem duro pela vida, pois eu não dou mais não. fui banho público, e escada de subir. hoje, não, sou homem feito de vida - meio amassada. pois até homens me quiseram e me fizeram maus tratos rindo das querelas. até o cal lá me prepararam. mas me levantei: num espicho de bravata. hoje sou calmo, feito antena sem som. sou águia ferida é verdade: cheia de vida, mas despenado! fui caridade, e passo de recados de piteiras, para mulheres alcoviteiras. só me perdi um vez, na padaria com uma certa e linda confeiteira. mas isso é outra história que conto dela depois, pois é meio rouca. mas na vida há sempre os vivaldos. e, por isso, em nome do caule, da mais bela flor, não dou mais duro na vida, deixa ela passar dona de reinados com veras sumidades. deixa passar.. duro não dou mais. e, esqueci, não tenho par de dança ou valsa rodada: meu nome é lá vai sinfrônio: foi meu grande e belo azar! pois bem que podia ser: tão fácil belo antônio!
José Kappel
Enviado por José Kappel em 27/09/2006
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