Faz de Conta
Faz de conta que tudo
é parte de uma coisa só; que a solidão só ficou mais densa e descabida. E faz um guarda-roupa bem americano. E evite cidades mexicanas! Faz de conta que ontem não passou; que a noite entrou pelo dia; faz chacota de criança sem berço, e mergulha no corpo, o milagre de nossas vidas. Faz de conta que é o cedro. Faz de conta,faz meio-termo mas não faz desfeita nem levanta muros perfeitos! Faz de conta que é o cedro! Mas, agora, que se foi, deste trem, ninguém parte, mesmo que fumaça faça, mas ninguém sai. A luz das almas de dois berços; só sai com reza e com o sal da terra. Se não acredita dou uma pista: sou oferecimento coisa dada e roupa de varal curto. Sou de cedro apaziguado! Se não acredita, grita por minha mulher e vai descobrir que ela mora bem perto da abóboda do céu. Que tudo foi passageiro. Bem de repente. Igual a um cedro. Argila quase profana, mas agora benfeitoria dos anjos! Só, foi pro céu, e deixou âncoras de amor nos comodatos e desesperos de minha saudade já sem fatos !
José Kappel
Enviado por José Kappel em 22/10/2006
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