Passado sem história
Sou fruto do tempo e não tenho mensagem. Sou horda do passado, mas não tenho histórias. Correndo, passo às bordas arenadas, sem roçá-las e vejo olheiros de musgos às margens de meu poço. Se afundo, a altura é minha, A cor é escura, e sou dono dela, Se desço, a distância me compõe entre o que há de mais vazio e o que fala mais de solidão. E, hoje, arrependido, só peço perdão a quem não ouve mais. Mas, como adivinhar que meu pai tinha razão? Como adivinhar que a vida dá voltas e, numa delas, ele desaparece feito ave fugindo da noite? Hoje, sozinho, meus pesadelos se convertem em angústias ameixadas de dor. E me pergunto, enquanto reflito profundo: pai, por que não olhei à volta quando me chamou de filho? José Kappel
Enviado por José Kappel em 19/03/2022
Alterado em 22/03/2022 |