Sou parte da nesga,
que constrói o desespero,
do início e do fim
das coisas perenes.
Formo a angústia da espera.
Torno o tempo escasso
e volátil.
Sou pária em seus braços,
e colisão da ausência.
Sou texto familiar,
moinho espanhol,
palha dos mendigos.
Meu caminho é pedrado de
dúvidas, é
rota de colisão
com a ânsia e a solidão.
Sou
Senhor de
todas as abadesas,
donas do prazer
enigmático.
Sou plantonista da
honra e
dos sem fins,
dos sem causa,
e sem sombra.
Moro à bessa,
à beira de um rio,
onde brilha a mordaça,
e brinco de vida e morte
- um caso especial -
sem moralidade !
Meu sol não acende
mais minha vida, e a lua
reflete um quadro lastimoso,
estático,
que não inspira coisas
de amor,
mas só levanta o pó
dos tropeiros da guerra.
Agora, são várias
horas em meu dia,
acalentado pelo
dissabor
em minha vida:
hora para caminhar entre
arranhos e
desesperos,
e nadar no vazio
das almas ocasionais.
À você fica o abraço querido:
quando da próxima vez a nos ver,
trás um pouco de cura,
e um formidável abraço
de acalanto !