Abraço de AcalantoSou parte da nesga, que constrói o desespero, do início e do fim das coisas perenes.
Formo a angústia da espera. Torno o tempo escasso e volátil.
Sou pária em seus braços, colisão da ausência. Sou texto familiar, moinho espanhol, palha dos mendigos.
Meu caminho é pedrado de dúvidas, é rota de colisão com a ânsia e a solidão.
Sou administrador de prostíbulos. Senhor de todas as abadessas, donas do prazer enigmático.
Sou plantonista do aborto dos sem fins, dos sem causa, e sem sombra.
Moro à beça, a beira de um rio, onde falha a segurança, e brinco de vida e morte - um caso especial - sem moralidade !
Meu sol não acende mais minha vida, e a lua é quadro lastimoso, estático, que não inspira coisas de amor, mas só levanta o pó dos tropeiros da guerra.
Agora, são 11 horas em minha vida: hora para caminhar entre arranhos e desesperos, e nadar no vazio das almas ocasionais.
À você fica o abraço querido: quando da próxima vez a nos ver, trás um pouco de cura, e um formidável abraço de acalanto !
José Kappel
Enviado por José Kappel em 04/08/2022
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