José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


Abraço de Acalanto

Sou parte da nesga,

que constrói o desespero,

do início e do fim

das coisas perenes.

 

Formo a angústia da espera.

Torno o tempo escasso

e volátil.

 

Sou pária em seus braços,

colisão da ausência.

Sou texto familiar,

moinho espanhol,

palha dos mendigos.

 

Meu caminho é pedrado de

dúvidas, é rota de colisão

com a ânsia e a solidão.

 

Sou administrador de

prostíbulos.

Senhor de

todas as abadessas,

donas do prazer

enigmático.

 

Sou plantonista do aborto

dos sem fins,

dos sem causa,

e sem sombra.

 

Moro à beça,

a beira de um rio,

onde falha a segurança,

e brinco de vida e morte

- um caso especial -

sem moralidade !

 

Meu sol não acende

mais minha vida,

e a lua

é quadro lastimoso,

estático,

que não inspira coisas

de amor,

mas só levanta o pó

dos tropeiros da guerra.

 

Agora, são 11 horas

em minha vida:

hora para caminhar entre

arranhos e

desesperos,

e nadar no vazio

das almas ocasionais.

 

À você fica o abraço querido:

quando da próxima vez a nos ver,

trás um pouco de cura,

e um formidável abraço

de acalanto !

 

José Kappel
Enviado por José Kappel em 04/08/2022


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