Hoje quero ouvir o tempo
que remaneja no obreiro
de sua ânsia.
Quero me perder e
me vergastar, atônito,
pela multidão
cujo sobrenome
é anglo-saxão.
Quero um espírito cantado
em prosa e verso,
para mediar meu pequeno
desejo de ansiedades
que só ofega premente.
Quero participar da festa
que os anjos hoje fazem
para o espírito cansado
sobrevoado de vivazes cores.
Hoje quero pertencer
às águas mansas de
seu córrego,
navegar pelos seios
amados,
e escorrer lembranças
da terra sempre semeada.
Hoje também quero esquecer
que um dia houve
um dia, e trouxe
e outro dia, que se negou
a ser dia.
Assim, como mágica
de circo,
que entorpece os sentidos,
faz você acreditar
no que não vêm jamais,
no que nunca partirá,
no que nunca chegou
e viajou,devasso,
pras casas das senhoras
de Joanas.
Se tudo foi tão bom,
agora também, é por bem
esquecer.
Duas vidas não dão certo
se uma quer o que a outra não tem,
e se a outra tem demais e não oferece
o seu jarro mágico de flores.
Dar e receber é o que
quero hoje,
sem fazer quadro,
sem pestanejar pinturas
ou esquadrinhar versos de ontem.
Se tudo morreu foi
por querer sobreviver demais.