José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


Engenhos da faina,
cobrem o espaço encardido
de roucas vozes do passado.

 

Espaços semi-abertos,
de terra e sol,
espargem o medo
e procuram suas mãos.

 

Corrrida de poucos,
com véus acetinados,
cobrindo meia-face
de ansiedade.

 

O homem caminha
por entre círculos,
que é ele mesmo.

 

Faz da meia-volta
uma chegada
no seu interior.


Sem chegar,

e se negar a lugar nenhum.

 

Se procura, não acha,
se não acha, se perde,
e quanto mais afunda,
mais larga fica a distância
entre os frutos amargos de
não ter outro espírito igual
ao seu.

 

Se faz duelo,
perde por espadas azuladas !


Se faz mais de forte,

vira lâmina de corte!


Se faz ponto

olhando estrelas,
vira corriqueiro.

 

E fica como

coisas de cristais,
que são reluzentes e 
sensíveis apenas
para quem sofre.

 

Se acorda, padece,
se chora é de romance,
se clama, fenece !


Até ramos empertigados
evitam sua porta.

 

Se é trigo, é safra perdida,
se é sombra, é fria,
se vêm à noite
todos os fantasmas se reúnem
a sua reza.

 

É sonho, é dissipação,
mas nunca deixa de
passar a lâmina do adeus
em seu rosto.

 

E o nascente não entende mais
o poente,
nem as luzes se encaixam.

 

Se é céu,

dorme com as estrelas.


O escuro e o claro
são complacentes
do medo.

 

E nesta noite de desdém,
reza baixo e vazio:
o que tem que passar
que passe,
mas nesta caravana
sem amor,
não embarca,
por dever ou obrigação.

 

Não vou para não perder,
a hora que você chegar
feito criança.

 

E perguntar:
quantas vidas já viveu,
tão sozinho, 
a procura de sua outra
imagem sua,
ainda perdida
no mundo dos aforas?


Lá, onde luz ninguém tem?

 

E com tantos céus,

quem hoje liga

para o brilho das

estrelas?

 

E, pelo Mundos Afora,

uma coisa se torna certo,

o único caminho

é sempre partir agora !

 


 

José Kappel
Enviado por José Kappel em 20/10/2022
Alterado em 24/10/2022


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