José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


De onde vim é terra basta,
chão batido de poeira
e pedras de arrastar.

De onde eu vim,
não é o fim do mundo,
mas também não
é
o início dele.

De onde eu vim
tinha uma pracinha colorida,
um presépio permanente,
ladainhas e procissões de hora
em hora.

Tinha pipoqueiro fausto de
sal e algodão doce,
que implicavam à guloseima das
crianças.

Tinha uma pracinha bem aconchegante;
bancos envernizados,
plantio avulso de árvores e flores
dispersas ao longos de vários
canteiros.

Bem cuidados. Se diga.


De onde eu vim, há
muito tempo,
tempo demais,
não resistiu a aragem dos homens
e sucumbiu arredia ao novo era.

Tinha até orvalho carinhoso e, no verão,
um sol de muita vermelhidão.

Tinha
meninos de rua,
homens de negócios,
charretes flácidas,

e mulheres de toda
hora.

 

Pena !

 

De onde vim

era um mundo brando e alegre

e, hoje,

onde estou, 

é um mundo novo

sem lembranças,

e, com todos,

armados de espadas

de guerra !

José Kappel
Enviado por José Kappel em 22/10/2022


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