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Uma vez fui divergente, noutra complacente , que sempre rimava com
a dor da gente.
Uma vez fui parente vagando de vez, a bordo do vazio.
Tinha um rio,
uma arma,
uma árvore
esquecida
e um jardim
nada
complascente.
Azar, já era quase orco e perdi todas as patentes.
Uma vez fui guerra e virei bala de matar.
E lá me adormeci
no sonho
de flores e de reis
onde tinha tudo, menos
amor
e muito prenho de ódio.
E foi tudo tão de repente que o sol se fez lua.
De verdade, mas sem quer, uma pobre lua que se escondeu, com veracidade, no lado escuro dela mesmo !
foi quando o bombordo virou estibordo, puro e escovado.
E descobri com mãos de fenecer, que casa de todos sumiram e as pilastras ruiram.
E se foi o
abraçado do tempo.
Sem momento, chegado, cheio de muito fim.
E cumpriu-se a missão: todos cairam no crasso esquecimento
e viraram estátuas de guerra.
Na vera guerra
dos impolutos,
que mandam na orgia,
mas que não lutam !
José Kappel
Enviado por José Kappel em 07/12/2022
Alterado em 08/12/2022
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