José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos

Tendas da Noite
INTRODUÇÃO:

PEDRA (Canção)

Ordeno meus pensamentos,
onde toca o tango,
faço uma pedra
bem afeiçoada,
pedra bem ao gosto,
amarrotada pelo tempo,
esquecida no embrulho
da montanha.

Pedra que me faz pedra,
gente que me atiça adiante,
com fagulhas de ardósia,
criam uma moldura azul-afogueada,
e fazem
passos de um só homem
de uma vontade sem levantes.

Na vida,tudo amarroada!

Procuro lembranças dela
no pôr-do-sol,
onde desfila na vitrine
das despedidas.

Mas, se hoje sou eu que me perco
de saudade e sem vida,
a procura da moldura dela,
amanhã será você,
a procurar a verdade de tudo.

Mais virá tarde:
virá pedra sob pedra,
na ardósia da vida,
onde nada restou, senão pó,
de nosso grande amor gratinado
de só de adeus - sem Deus -
disso só viveu!

PEDRAS (2)(Canção)

Ordenança das Pedras

A terra onde nasci não tem mais,
assentaram nela tanta coisa esgotada,
que ela foi sumindo, entrando numa
buraco escuro, onde até as flores
se refugiaram em outras terras
empanadas.

Minha terra não tem mais:
foi pedra em cima de pedra,
e, dai, nasceram prédios e mais
prédios,
-edifícios cintilados de solidão -
que foi, pouco a pouco tomado
por gente de terno passado, e mulher
com roupa de homem,
todos falando em celulares,
e roda daqui, roda dali,
os problemas aumentando,
a terra foi crescendo
e minha memória foi morrendo.

Mas não foi aqui que eu
sentava quando me barbeava aos
quinze anos? Namorava na terra
crescida? No apogeu da terra
dourada,batida,
crescida de esperança?

Minhas ruas foram trocadas
de charretes e carros de bois
por vistosos carros, - destes
bem modernos.

Terra de Sienas !

E até a cor da cidade não se dá
bem com a cor do céu: amarelo e
vermelho, tudo frouxo.

Ah! Terra Esgotada!

Fui também na antiga casa
dela.
Era pequena e tinha um
riacho a percorrê-la,
um jardim a moldá-la,
tinha cheiro de mulher,
cheiro de terra.

Fui na casa dela
não chorei, porque a idade
já não me provém deste
escândalo interior:
mas lá estava:
a casa dela,
onde a gente repartia
o dom da mocidade
entre beijos e abraços,
tinha virado tudo pedra,
também esgotada.

Não tinha mais nada:
literalmente, eram centenas
de pedras magoadas dispersas,
no jardim e arrolhando
o percurso do já minguado
riacho.

Terra dos Azáfamas!
Até o rei Axum varre
minha Etiópia!

E de minha terra
mais nada sobrou:
agora é pedra e mais pedra.

E nosso amor vigilante,
se tornou morte,
ela partiu prá lá,
eu fiquei cá só e
pensando:
pedra que faz pedra
torna o coração dos
homens de argila
mais não mata nosso amor.

Pedras! Fizeram da terra
aquecida, agora fria e
crescida.

Tão crescida como um desastre
interior!

E se não lhe dão nome,
dou um:
cedras vistas de longe
são...
Ordenança das Pedras!


FOGO (Canção)

Babilônia de meus dias,
fogo que arde no peito,
- suplício e fogueira -
traz a de nome Maria
para os amores e meus feitos !

A chama que arde,
é a mesma onde reside,
os faroleiros que anunciam
na sensação de perca,
na fuga do que durou até tarde.

Ave!Dos bilbodes!

Tudo agora é palha
pra Fogo de São João,
a sensação é de um pirotécnico,
que, no dia-a-dia,
nem encontros coletivos
agora tem.

Não tem Maria,
não têm jeito,
não tem fogo!

A viver só de vida é sonho,
é bombinha de festa,
é fogo feniano.

Dela, que deixou minha paz abalada,
num fogaréu pulado,
primário e grego,
com uma asa pra voltar
e outra pra rodopiar!

Hoje, ao recordar
nossa vida,
tenho certeza,
que se você soubesse
ao menos, se eu existisse,
me carregava brando,lento,delongo,
e correria aos meus braços.

Pois igual ao fogo de
Maria, não tem.
O resto é de mal agouro!

Se ela se tornou fogo
e caleja agora outro
corpo,
a culpa é minha:

Sou dois perigos,
uma pólvora de tempo,
um fósforo de alentar,
pra, uma hora, virar,
alternativa da saudade,
ou madeira de consumo
ingrato.

Volta, Maria alvissareira,
senão viro
fogo de bebedeira!

ÁGUA (Canção)

Sou justo,cristalino,inclinado,
perfaço a água, como infusão,
de um brado de amor;
sou aquoso,oxidante,
perfurador de ânsias,
barítono de uma grandeza
que me fez,um dia,
rei dos feéricos.

Rústico, de qualidade suspeita,
até precária,
rodo mundo como um riacho
sem precdentes:
nada me aguarda, as portas
estão fechadas,
sou piracema lustroso
e caminhante rodeado
de sal.

Axés!

Rodo à volta,
e nela goteja
louro-cerejas que formam
frutos,
que,algum dia,
será água de rosas
mas sem face,
com presença falida,
em minha borda mortuária.

E rodo mundo sem cordas,
e enfrento lagos,fontes,
bradeado de chuva.
Até vento de ordem!

Sem valor,mais zeloso,
rodo por dutos seculares,
destilado,meteórico,
de tamanho fácil
e cheio de dores
vacilantes.

Se somos dois,
somos parte de água,
lustral das flores e musgos,
percorrentes da vida e da
morte - lá onde cai o sol
e levanta a lua.

Se somos dois,
somos partes,
e dentro de amores,
a gente jura, sem querer,
o que hoje é dormente
amanhã será diferente.

Nas águas panadas
levamos o sabor amargo
da despedida.
Mas,
sem cores aladas.

Um dia você se foi avoada,
como rolam águas,
sem jeito de partir.
Um dia você se foi
como coisa do passado.

E teve gente que disse:
lá vai ele:
carregado de intrigas
e pouco perdão.

Lá vai ele - diziam -
O homem que veio da noite,
disfarçado e descobriu
o fogo,a pedra e a água.

Mas, desvendado de carinho,
foi morrer
entre os reluzentes
marinheiros
de alguma praia
sem nome e perdida.

Lá na fervura,
onde aquecem
o gosto do amor-mar,
de cerejas e espinhos,
e dormindo, pra sempre,
ao lado de uma definhante
água-marinha.

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Narrador 1:

- Párias se misturam aos beldroegas e, estes, aos guerreiros esfarrapados,maltrapilhos,armaduradas arqueadas e cingindas de rasgos,com sobras de vergões em aço pendentes. São os chegantes das batalhas. Vêm às centenas e tomam o campo já acizentado por chumaços de fogo, que bordeiam os matagais.

- Espalham-se indiferentes à relva. Têm semblantes cansados e olhares acoitados de vento negro e morte. Alguns feridos, cambaleantes, armas ainda com sobras de sangue. Quase indiferentes são amparados pelo povo que se espalha pelo campo. Alguns se largam ao chão e se queimam de dores.

- Já entardecia; um sol estanhado ainda misturava-se àquele céu, com névoa e fumaça. O sol ainda rastejava sua luz e mesclava-se em claros e escuros, sem sopro, sem vida.

- Os homens vinham de batalhas em outras vilas e à beira de castelos - cujo reis até desconheciam -. Um orgulho, sem paixão se contorcia no interior daqueles guerreiros. Ganidos de cães se atropelavam às vociferações.

- Jogavam-se à relva e se deixavam-se tontos, como tufos de palha encurvadas, ajoelhados como ramos abatidos. Escaldados de cansaço e tristeza percorriam em lamúria por todo o grande largo. Vozes de agonia esganeciam por todo o lado,cada canto, cada pedaço de terra.

-Os mortos eram atirados a esmo numa vala comum. Muitos bebericavam longos goles de vinho em botelhas de barro.

- Enquanto o sol sumia, archotes eram lentamente acesos em todo campo. A negritude chegava com frio e umidade e fogueiras surgiam, alentando com luzes trêmulas o vasto campo. O tom era de dor e lúgubre. Parecia que se levantava um bromo de angústia que cativava o vale com cheiro de morte e dor.

Marie Claire estava entre aqueles homens. Ora ajudava um, ora outro. Alentava a dor dos guerreiros, vindo ora com panos, ora com água ou comida. Tinha 19 anos. Era morena, cabelos longos presos com redondilhas à nuca. Rosto afinado e tenro. Olhos fortes e azuis que já pareciam ter-se acostumado aquela faina. Era uma beleza de mulher. Da cabeça aos pés era cândida, formosa e cativante. Suas roupas tinham restos de sangue - o que parecia não lhe importar.

Era filha de camponeses, nascida na aldeia de Santèe. Antes de completar dez anos mudou-se com seus pais para para uma cidade de mercadores no Báltico, uma zona portuária. Cinco anos mais tarde morria seu pai quando participava do levante de Desabreus. Depois, um ano tinha se passado, quando sua mãe morreu de febre.

-Para se manter, continuou morando naquela aldeia, como artesã, oleadora de armas, cozinheira ou lavadeira. Trabalhou em tavernas, onde aos 16 anos começou a se prostituir. Marie Claire viveu até aos 32 anos. Percorreu quase todo o país com as levas de guerreiros. Morreu em 1672, tuberculosa, num abrigo de religiosas. Ao seu lado apenas uma piedosa. Foi enterrada num pequeno cemitério que baldeava uma igrejinha. Durante toda sua vida costumava rascunhar lembranças de homens e de guerra. Foi a única coisa que restou dela.

ÁGUA II ( Canção)


Sou ânsia da água - orgulho de reza -
celebrante de seu brilho,
macero meu destino em seu apanágio,
corro montes pela sua pureza.

Sou vida por sua causa,
sou andante de reis,
nunca sou posto à prova de fogo
e vivo cristalino,o lustroso
exulta de alegria minha rala alma.

Sou ânsia do que vêm da água,
sou coisa fácil, até maleável,
venho de reinos de celebrantes
onde exorcizo meu amor saudável.

Não vim de longe,
vim de lado dela,
vim dos sais,
e me apronto de luz
próximo às pontes.

Água panada !

Não me importo com
geleiras,cursos magoados
de água, com lagos
que nos refletem e prometem:
um dia o que é volátil
será porta de entrada
de nosso amor
instável e inacansável!

Se da água tudo me faz vida
procuro em seu banho-loiro,
minhas forças apreciáveis,
para fazê-la de toda,
meu amor fadado,
um amor que até hoje, só
teve idas, paz e
vertentes das águas de
telhados!

De volta, ninguém falou!

E um dia ela partiu assim:
abriu parte de água,
e se tornou tão etérea
como ave de bom agouro,
banhada pela garoa.

Mas, uso pote encantado,
para guardá-la:
assim, feito de barro,
mas cheio de amarras.

Águas de barrelas!

Sei que água e vinho se misturam,
sei que um faz o outro,
mas meu curso já está feito:
hoje sorvo seu beijo sem suturas,
hoje faço seu dengo,
mas dela faço minha primeira água,
meu primeiro de beijo.

E, se partimos,
um prá um,
dois - de que lado?

Espero com a taça de água
e o ameno vinho,
a hora de você chegar,
e abrirmos a garrafa da vida
a botelha de luz.

Que agora nos cedra
e nos convida,
para a próxima ceia:
você de branco - igual
a mais pura água -
eu, de vestal, a servi-la
como o mais vasto príncipe.



NARRADOR 2

"Os homens são belfuldos, impacientes, ásperos, pequenos e frágeis. E por tudo isso tornei-me sua amas. As mulheres da vila os esperavam arrimadas às pedras das muralhas do castelo. Os guerreiros que chegavam das batalhas por navios ou cavalos, sempre passavam por ali e, já no caminho, escolhiam suas mulheres. Durante certo tempo, também ficava entre elas e os via caminhar lentamente, puxando cavalos, bois e carroças, sempre com fagosas espadas que pareciam encilhadas no próprio corpo.

"Neste tempo de traquetes fui perjúrio, paz, dengo e córrego iluminado.Endosso de amores, sabres sem dono. Carne perolada de rubis e samantas, fonte de homens sem pátria que me acastelavam como estivessem numa batalha. Fui a serpente que rodeia, atiça e bouça ou a flor que amacia a carne ferida.

"Minha paixão de um dia sempre foi paixão de mil anos - e todos morreram neste tempo. A grandeza não era minha dona e sim eu quem me fazia na festa de reis, cujos ramos de solidão alisavam meu ventre, como uma festa de dois príncipes. Neste tempo sempre fui comida de antares e estradas sem luzes.

NARRADOR 1

"E me cingiram de corça imperial e me elegeram senhora dos homens vagos - leito de guerreiros. Combalida pela própria natureza da dor, nascera para aliviar outras dores - de cedros e reis -.Destra! - Sou a que compram!

"E me dizem - sou ferraria dos homens. Sou a frente fria do aço, a lantejoula iluminada por fachos de pedras. Os obreiros me fazem de gesso, terra e mel. E lastro cafifa, traquete e mastaréu. Que príncipe mediterrâneo é este que me sombreia, mas é passageiro do tempo, guerreiro audaz de duas espadas e vários corações.

"Destra! Traz a espada e faz a festa. O acaso leva o tenro seio a calafetar sua paz e sua angústia.O óleo que suaviza sua alambrada, à bandeira que tufa a meio pau. Alargam-se as bujarronas de nossas tendas. E um pequeno caixilho de primavera brota nos céus e nos surpreende. E tocam-se polacas em bandos desordenados e corça o vinho nos homens enfastiados.

"Pernas em meia-lua. Brado de agonia! No castelo senhoril as texturas de pedra escondem gemidos, tropas e sapos velachos. Saturnais deixam o fosso e à sombra de candeeiros se engancham com clava e lâminas mortais de ferro largo. Batalham pela fidalguia. Ordem na nobreza! Lá fora, pálidos colossais se medem em terror e fogem aos cantéis, pelos alambrados e sabugueiros, para outras terras,do mesmo dono. A caterva se deixa agachar em honra ao belo fidalgo que plaina túnicas de reis e rainhas. A súcia se vende pela carne e pelo desossado, pelo vinagre, leite e pão. Destra! Pobre época de alabardas gemidos e homens sós.

NARRADOR 2

"Meu amo jejuou em paz, sem cutelos e sem meras espadas gentis. Por três dias na tenda ficou. Eu lhe servi frutas, pão, trigo, vinho. Foi na lua cheia, quando o campo estava vazio de vozes.O vento abanava os panos coloridos e o banhei com vinho e mel. E, por instantes, havia paz. Mas nem sempre o mesmo caminho faz a ave esguia. Pruma por centímetros por outra rota, mas na mesma direção. E a vida o me toma e o leva para os incertos. Pobres reis! De um só reino que bailam e rodopiam num cavalo só.

"Quando amanhecia havia vestígios de pólvora e estilete nos homens. A fonte pálida cria águas mornas, mas sempre desagua em caudalosos rios sem nome. O rosto tem tacos régulos de ouro e pó sabreu. E chegam cavaleiros em montaria pungida de sangue e suor e partem para os campos de guerra. Mas que santos são estes? Porque tantos santos brigam em volta de si? Suspeito do elmo disfarçado que me fere a nudez. Os lituanos serpenteiam sem pátria e procuram, sem datas, às carnagens de novas conquistas.

"Em minha pele arde o sol e o grito sarraceno, como uma hiena ferida e eu procuro amos mauritanos. Os cordéis devem caminhar a sós em direção a fome. Alguns balabregas sempre se juntam a nós, nos campos, enquanto caminham indefinidos à procura de outros campos. Trundos banais na terra dos archotes e pêndulos de aço. Triste época onde arma-se o mastro real no espoldo de sangue dos aldeões.A pátria está morrrendo e nascendo dentro de outra guerra. As mulheres rezam mais aqui por homens do que por deuses ou fadas.

"Agora, nos campos, sou cálida pranteadora à procura da Terra Nova. Andaluzes e cordonas num sonho só meu, cantam às fragatas que partem.A estrela do norte me serpenteia como garça esbaforida de estames e luzes. Sou a parteira, a entrada, a lua, a dona da solidão. Os reinados não têm prudência, nem canto, mas têm fartos desejos. As próprias mulheres já não usam flores à cabeça com medo do esbaforido ganso e da premente morte. Os amantes dos reis tem prisões e as cativam como troféus de sangue. E matam as crianças para que não surjam heróis.

"Mas que homens são estes? Machados a mão, espreitos, andando feito largatas, aos fucós, para os cofins da terra. Que aves são estas? Párias do bucólico. Donos sem posses!

ORATÓRIO FINAL - NARRADOR 1

Chove, faz frio. Me recolho aos juncos, quase dispostos numa fila geométrica e me embriago a sós com vinho e folhas brandas. Esguerei os braços, como uma ave, em direção ao sol. O laço do corpo queima e depois abrolha em aparente calmaria. Fiz do seu corpo guerreiro um passadiço sem fim. Tez como sudário em flor. Fiz-lhe paz como se faz a um príncipe - belezarias de mulher. Mas lá fora as matilhas embriagadas ainda rondam nossa tenda.E me vou. Com albardados coloridos, próximo à dezenas de camuás, deixados sós, ao sol e ao vento, me junto aos camponeses e caminhamos já sem direção.

"É um paço sem valentes. Justiça ali só se faz nas bordas das pernas, sempre com indícios de clava mansa e brasa recente. São donos, mas predestinados ao fardo! Que cor tem o homem? Para ondem apontam as colinas onde escondem o manchil?

"Os candeeiros iluminam a pávida lâmida gosmenta de sangue e aparente bravura. Sou daquelas! Dos homens que só pedem o recato do corpo. São fantasmas em casareus. Magia ímpia, mas branda! De archa, tala e clava, brandam meus homens pelos vales, enquantos os senhoris se acalmam ao som de vinho doce, mas em tábuas rasas. Seus campos são todos de guerra - indícios que a terra se revolta.

"Em seus fossos de pura alvenaria, largam, os senhoris, o povo já sem pátria e sem lei - solenes arenários. Meu amo reza à alarbada e cinge à tala de deuses que veneram e os iluminam por tochas tremulantes. De onde nasce a fossa que tosca, do tubo que pregna o escuro e a dor? E ele chega. Delgado, valente, ensanguentado, doce, pária, colchete rendado na sua alma azul; me esfuzia ao vê-lo. Trás feridas ao ombro e um pouco de orgulho nos olhos.

"Houve um tempo assim na terrra dos homens: ganha quem têm a pedra, o soquete, a clava e a voz. Abatem-se cisnes enublados e possessos, que dançam ao lago majestoso. Tempos sem bordas, de larvas malfazejas, ciscas de pó. Tempo de ninguém. Passageiros de ordas. E cobrem-se os campos novamente de cinza enquanto o sol morre sem dono e mal ilumina o campo entrevado por ciscos de fumaça e rolos de pólvora. Roliças espadas, que fizeram de mim, seu tempo?

José Kappel
Enviado por José Kappel em 11/04/2006


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