Tudo Nessa Noite
Pois é, por alguns instantes, fiquei
soberbo e cativo, diante do céu e da terra. Do tempo e dos modismos, que ele supõe ser de nosso agrado. Mal valia. Ninguém quer saber do tempo, calendários e datas que, formam o tempo do homem e vai cravando suas cruzes por onde passa. Pena! Passa por todo mundo, remexe com o espírito de cada um. Pena! Foi todo mundo prá adiante, à passos de toda eternidade! É uma escada que vai despejando, lá na frente, os empórios do homem, suas lembranças, memória avulsa de coisas majestosas e outras não tão grandiosas assim. Por isso, falando de bom grado, nada estaciona, nada permanece, vai tudo prá frente; cavalheiros emborlhados de púrpuras ou princesas cativas de sua beleza. Vai tudo prá frente, vai tudo embora. E como não outra maneira de desvencilhar-se desta nódoa de casca azeda, o jeito é tentar permancer. Começar tudo de novo como se nada houvesse. Mas, aprendem-se da verdade: aconteceu algo esta noite na folhinha do tempo, no corpo de cada um, na memoria de todos. Coisa até de amendrontar! E passamos a ser cavalheiros de um novo tempo. Mas o tempo tem um dossiê até implacável: não vê, nem cara nem coração. Só serve pão e manteiga na manhã seguinte, escura, absorvente e cheia de medos! Mas que aconteceu algo esta noite na vida homens, isso lá aconteceu! Ave! Os céu e terra! Estamos passando na vida! Tudo muito dolorido, muito vivo, cativo. E vi, nesta noite, espíritos, dançando de uma vida para outra, uns vindo, outros, indo. Nesta noite vi os redimidos, mas vi também os implacáveis. Nesta noite sentei ao lado de um santo e fui consolado. Que noite, meu Deus, que noite ! E tudo se tornou possível e fui batizado pelos cálidos e pelos de amor, afoitos !
José Kappel
Enviado por José Kappel em 15/04/2006
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