José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos

Tudo Nessa Noite
Pois é, por alguns instantes, fiquei
soberbo e cativo, diante do céu e
da terra.
Do tempo e dos modismos, que ele
supõe ser de nosso agrado.
Mal valia. Ninguém quer saber do tempo,
calendários e datas que,
formam o tempo do homem
e vai cravando suas cruzes
por onde passa.
Pena! Passa por todo mundo,
remexe com o espírito de cada um.
Pena! Foi todo mundo prá adiante,
à passos de toda eternidade!
É uma escada que vai despejando,
lá na frente, os empórios do homem,
suas lembranças, memória avulsa
de coisas majestosas e outras
não tão grandiosas assim.
Por isso, falando de bom grado,
nada estaciona, nada permanece,
vai tudo prá frente;
cavalheiros emborlhados
de púrpuras ou princesas
cativas de sua beleza.
Vai tudo prá frente,
vai tudo embora.
E como não outra maneira
de desvencilhar-se desta nódoa
de casca azeda, o jeito
é tentar permancer.
Começar tudo de novo
como se nada houvesse.
Mas, aprendem-se da verdade:
aconteceu algo esta noite
na folhinha do tempo,
no corpo de cada um,
na memoria de todos.
Coisa até de amendrontar!
E passamos a ser cavalheiros
de um novo tempo.
Mas o tempo tem um dossiê
até implacável:
não vê, nem cara nem coração.
Só serve pão e manteiga
na manhã seguinte,
escura, absorvente
e cheia de medos!
Mas que aconteceu algo esta
noite na vida homens,
isso lá aconteceu!
Ave! Os céu e terra!
Estamos passando na vida!
Tudo muito dolorido, muito vivo,
cativo.
E vi, nesta noite, espíritos,
dançando de uma vida
para outra,
uns vindo,
outros,
indo.

Nesta noite vi
os redimidos,
mas vi também os
implacáveis.

Nesta noite
sentei ao lado
de um santo
e fui consolado.

Que noite,
meu Deus,
que noite !

E tudo se tornou
possível
e fui batizado
pelos cálidos
e pelos de amor,
afoitos !
José Kappel
Enviado por José Kappel em 15/04/2006


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