Afagos dos Tempos
tempo lascivo
que me bruta no vago, e tonteia passado e presente. sem crivo de santos. faz a mistura que eu faço os ponteiros. já não alcanço sua formosura, já não abraço sua cintura. tudo de bravo diverge e compõe o nosso tempo de lascos. um dia, de arder, quando não for mais sol, entro na rústila noite, e abraço os musgos das sombras de outeiros. por onde passou e deixou marcas, de resto, o que ficou! se valho, não sei. desejo e falo deste longo amor, como se amacia o damasco nos lábios adocicados, dos ventres de enlace. saia comprida dos avantes! vestal de azul-moreno, seu vestido, bem rente ao mundo. e nele choro emperdenido, fazendo coro dos nossos jamais.
José Kappel
Enviado por José Kappel em 18/04/2006
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