Andarilho de Pedras
Sou parte da metade, meio inteiro por partes, sou andarilho corriqueiro e não sou de carregar bandeiras. Se arde, coloca a cura. Se perco, chamo pelo devasso. Sé caminha puro é relevado. Mas olha prá trás prá descobrir o que não vem. Se é floresta tem sombra, se é deserto, procuro a adega dos mosteiros que pendem aos ilhéus. Se é pendular, fica convexo. Nada mais atrai. Nem a atenção dos senhores da terra e das senhoras com outras pretenções. Cura tem. é só sair de si mesmo, voando igual bala sem jaça. Cura tem, mas preciso é se sujeitar ao princípio da coisa: ser portátil e não ser volátil, ter condizente e alar de parafina os alados ! Se dói, dói na carne -carne feita de ardida para machucar. Se não sente o pão, não sente a vida, se é arguto, passeia com azedos roliços e amargos da vida. Se tudo é assim parto do princípio que a coisa começa devagarinho e vai matando enquanto você ainda procura dentro si mesmo - o andarilho vagante. O próximo é meu: do andarilho que espera um dia, um dia só, ser o que nunca foi e sonhar amargo pelo que tentou ser.
José Kappel
Enviado por José Kappel em 20/04/2006
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