Mulheres de Esquinas
numa noite de lua tosca,
bem valente, perdi o que mais amava: é história de mouros, mas é minha. é história de passar, mas é desdouro ! ela, igual lua beijada, veio de mansinho, e disse asnos e pasmos, de minha vida pouco enfeitada. e disse tudo, e disse mais e disse o que não devia, o amor que era para ficar sem ademais, escorreu-se, desvaneceu-se, sem quero mais. de quieto eu fiquei, não sou apologista pra com mulher discutir, principalmente quando braveja uma alcovista. homem sou, mas tem limites. homem fiquei mas, de todo, acho que chorei. foi uma noite de lascar, tudo que eu julgava dela escorreu pelo rio de seixos envergados, de seiva envenenada. na minha vida, de idas e voltas, era a terceira que perdia, no bailes de deuses enciumados e sem eiras. então, quando ela se foi, fui eu ficar sozinho ! beiras de zeus! lascivos arcanjos dos céus teus. um homem só, é homem perdido, um homem só, é homem dos feridos. assim hoje, passada a tempestade, nunca mais de paixão alentei. então, vivo sozinho. e de mulher só confio naquela de vinténs, pois, por mais guerreira que sejam, nunca são ferrenhas destruidoras de paixao, fazedora de reféns. que mágoa doedora: agora fico nas esquinas de copos, danço a valsa do amanhã, com fêmeas de restituição.
José Kappel
Enviado por José Kappel em 21/04/2006
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