Alvoroços em Chamas
Com sinceridade de
gente bem apessoada, com sinceridade morna de pessoa bem gabaritada, olhos nos olhos e só vejo vazio. Pena, tinha tudo para dar certo, mas deu vazio ! Com toda minha sinceridade e aprumo de idéias e volúpias de sonhos, penso no que seria se desse certo. Mas não deu. Cada um foi prá um lado ela preferiu escaldar-se nas montanhas e eu fui calvagar nas pradarias. Duas coisas tão distantes que dá medo só em pensar que sinceridade não é tudo na vida. É verdade! Se começou bem acabou mal. Tudo porque não gostávamos um do outro. Coisa simples de resolver como calvagar num belo potro. Mas ela não quis assim, quis fugir prá bem longe ela foi prás montanhas da vida, se arrumou. E foi vender seu prazeres nas largas avenidas do Deus dará. Lá onde onde os homens compram e vendem no mercado das almas. Foi tudo muito simples: um dia ela parou de amar e eu parei de gostar. Resolvemos emudecer. resolvemos nos tornar meio humanos meio atordoados. Ela foi para um lado e eu me pro outro. A história é simples Se eu não fosse gente de gostar até o fim. Foi minha estrepolia. Comecei a sentir falta dela e ela nenhuma falta de mim. Fiqei sozinho, como uma estrela perdida no espaço. Com toda sinceridade, nem ficou amizade! Coisas do dia-a-dia! * Tenho dois alvoroços, um pêndulo de medir o tempo, e uma régua distante para medir o quanto falta. Os dois são coisas queridas minhas e a elas prezo com carinho. Com esse material de boa qualidade e assaz prosperidade de idéias, posso sentir o que se passa no tempo. Hora sou homem de um passo ora de vários e cansativos quando procuro coisas e não alcanço, mais de vários metros. Mas não me avexo sou homem capaz de idéias e fugas de sentimentos. Tudo por causa dela! Fui meter meu todo amor em seu pensamento e acabei me dando mal. Ela não me quis mais. Assim, munido de metro, e outros materiais de pura matemática, que calcula ângulos e dores, posso dizer com sinceridade, Daqui pro meu fim do mundo faltam dois centímetros e prá minha morte, hora e meia, se continuar nesta angústia de nadar no vazio e medir a distância de uma estrela prá outra. E direi eu: só entende essas história malfadas de ânsias são os deuses, que moram mais longe: do outro lado do meu corpo!
José Kappel
Enviado por José Kappel em 26/04/2006
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