Mãos Amigas
Primeiro veio a luz,
depois, o fogo, e tudo se entremeceu nas trevas. E levado pelo vento escurecido, pela respiração turva, o céu se enobreceu de densos chumaços. E meu medo, se tornou tão real e passível, sem belas-artes, fluido de áspero e lençol de carvão zoado por enxofre, fui envolvido em dúvidas e artes. Fui envolvido pelos desleais de pátria sem nome de avenidas sem número, de casas esquecidas. Foi então que me acheguei aos meus brinquedos de chumbo e os chamei para outra guerra sem ásperas e dolosas esporas. Foi quando despertei do sonho de meia-noite, e dela me aproximei; beijei-a por sentimento. E pensei num tempo que dentro de mim existiu: fogo e breu me cobriam, o fogo me atiçava, até que encontrei alguém que a cobrisse em mel e pipoca-doce. Sem meias déias, foi quando ainda pequeno perdi a quem não devia. Perdi todas as mãos amigas e,de frente, fui recitar meus poemas de guerra numa creche sem passado, e que me levou a um futuro sem dias ou meses. Lá onde se carrega a dor nas costas e o amor, o amor... só dentro do coração se alegra !
José Kappel
Enviado por José Kappel em 28/04/2006
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