José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos

Quem Me Dera Entender
Quem me dera
entender
essas coisas de
mulher!

E,veja, tem
aos montes,
como feno se
abanado
ao vento.

Quem me dera!

Mas sou feito
de mortal,
já com
coração de heras !

É gente que passa,
é gente de passou,
tudo pronto
pra enlaçar.

Tenho medos
à Deus dará,
tenho medo
de morrer
vivo, e
quando vivo,
saber que morri.

Se contar
até Deus vai
rubrar!

Tenho medo de pecar,
e eu tenho, e me basta,
só olhar os santos
petrificados nas igrejas,
mais ou menos santas,
e que arrepios me dão.

Bem de medos
chega prá lá.

A história é
outra,
bem feita
pros lerdos!

Pois,
quem me derá entender
as mulheres.
Uma hora, são uma coisas,
outra hora, já não são mais.

Titubeio, igual
pássaro ferido ao ver
uma mulher ensaida de
amor.

Tenho medo de nela me
agarrar, ágil,
como algemas dourados,
nas mãos lisas,
de purpurina
frágil!

Ah! Mas que
amor de mulher!

Por isso, aprendi
com João de Deus
- senhor respeitável -:

Mulher cora na hora
que tem que orar,
e dança na hora
de rezar.

Pai,que me acuda:
hoje em dia mulher
só de saia e que fale
fino,
mas assim mesmo
confira a tigela.

Cardápio de mulher
fogosa
tem mais pratos do que
banquete de político
de fora.

E assim me atrevo a dizer,
em prosa ou verso,
que me atravessam,
mas tenho lá que
dizer:

Minha mulher com outro fugiu,
outro homem,
que é contador,
e entende do assunto
à bessa,pois come contando
uma, duas, três, um monte!

Quem me dera,
se mais jovem fosse,
entender essas
coisas de mulher.

Mulher é fogo!

Troca um bom homem
igual a mim,
e corre pros
braços de outro
fogoso,
que no meu caso
não é omisso:
é contador de
gostoso.
  
E ama contando
e isso me assana !

Dá uma, dá duas,
- Isso lá no Lins!

Mete a divisão,
divide por dois,
e está sempre lá,
indo e voltando,
metendo e tirando,
na matemática dos
sem fins!



José Kappel
Enviado por José Kappel em 04/05/2006
Alterado em 05/05/2006


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