Quem Me Dera Entender
Quem me dera
entender essas coisas de mulher! E,veja, tem aos montes, como feno se abanado ao vento. Quem me dera! Mas sou feito de mortal, já com coração de heras ! É gente que passa, é gente de passou, tudo pronto pra enlaçar. Tenho medos à Deus dará, tenho medo de morrer vivo, e quando vivo, saber que morri. Se contar até Deus vai rubrar! Tenho medo de pecar, e eu tenho, e me basta, só olhar os santos petrificados nas igrejas, mais ou menos santas, e que arrepios me dão. Bem de medos chega prá lá. A história é outra, bem feita pros lerdos! Pois, quem me derá entender as mulheres. Uma hora, são uma coisas, outra hora, já não são mais. Titubeio, igual pássaro ferido ao ver uma mulher ensaida de amor. Tenho medo de nela me agarrar, ágil, como algemas dourados, nas mãos lisas, de purpurina frágil! Ah! Mas que amor de mulher! Por isso, aprendi com João de Deus - senhor respeitável -: Mulher cora na hora que tem que orar, e dança na hora de rezar. Pai,que me acuda: hoje em dia mulher só de saia e que fale fino, mas assim mesmo confira a tigela. Cardápio de mulher fogosa tem mais pratos do que banquete de político de fora. E assim me atrevo a dizer, em prosa ou verso, que me atravessam, mas tenho lá que dizer: Minha mulher com outro fugiu, outro homem, que é contador, e entende do assunto à bessa,pois come contando uma, duas, três, um monte! Quem me dera, se mais jovem fosse, entender essas coisas de mulher. Mulher é fogo! Troca um bom homem igual a mim, e corre pros braços de outro fogoso, que no meu caso não é omisso: é contador de gostoso. E ama contando e isso me assana ! Dá uma, dá duas, - Isso lá no Lins! Mete a divisão, divide por dois, e está sempre lá, indo e voltando, metendo e tirando, na matemática dos sem fins!
José Kappel
Enviado por José Kappel em 04/05/2006
Alterado em 05/05/2006 |