A Próxima Ceia
Não me importo com
geleiras,cursos magoados de água, com lagos que nos refletem e prometem: um dia o que é volátil será porta de entrada de nosso amor instável e inacansável! Se da água tudo me faz vida procuro em seu banho-loiro, minhas forças apreciáveis, para fazê-la de toda, meu amor fadado, um amor que até hoje, só teve idas, paz e vertentes das águas de telhados! De volta, ninguém falou! E um dia ela partiu assim: abriu parte de água, e se tornou tão etérea como ave de bom agouro, banhada pela garoa. Mas, uso pote encantado, para guardá-la: assim, feito de barro, mas cheio de amarras. Águas de barrelas! Sei que água e vinho se misturam, sei que um faz o outro, mas meu curso já está feito: hoje sorvo seu beijo sem suturas, hoje faço seu dengo, mas dela faço minha primeira água, meu primeiro de beijo. E, se partimos, um prá um, dois - de que lado? Espero com a taça de água e o ameno vinho, a hora de você chegar, e abrirmos a garrafa da vida a botelha de luz. Que agora nos cedra e nos convida, para a próxima ceia: você de branco - igual a mais pura água - eu, de vestal, a servi-la como o mais vasto príncipe.
José Kappel
Enviado por José Kappel em 19/06/2006
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