Já sou homem feito,
cosmopolita de verdade,
dono de mim mesmo,
virada de ontem,
feito de horas medidas
e minutos desprovidos.

Sou homem feito,
na base de marfim,
com montaria de couro
e brodas cetim.

Sou homem grande,
assim dizem os afoitos,
sou homem pronto,
prá desabar da montanha
mais alta e colher
sinceras derrotas.

E sou lá, com muito
orgulho:
possuidor de um varal de corda,
um corrimão,dois sapatos,
quatro perguntas,
uma mulher inquisidora,
maquiada de velhice,
e cosmopolita de homens.

Me conformo:sou vista e
nosso meio é diferente:
ela tem patentes, e
se veste com cordões
de ouro e borda
empecilhos de conquistas.

Já sou homem feito,
já amei até o sol de por;
mas sou corregedor da dor
por saber que minha amada
gosta de uma manada de gente;
e, prá mim,
ela não dá corrente,
nem prá um abraço de amor.