A Pólvora e o Fogo
Sobras de pó
se escondem nos monturos que fazem das lembranças a ocasião sem vultos, o momento sem olvidores, e a dor como onipresença. E quando a festa começa servem-se o vinho, armam-se os coldres, os fantoches rodopiam ao cinzel da lona. O laço faz o botão e guerreiros armênios pousam suas carquilhas na palha-de arroz. Não há mais nada de nobre em tentar reconciliar a pólvora com o fogo; ela, dizimada, afogou-se em lembranças do ninguém; e ele arredou-se para o doce canto dos pássaros que já não se fazem altivos. Pois a chaga faz o ardor e rebuliça as asas feridas. E se foi uma história de duas argolas: ela não nasceu prá ele, e os céus cinzentados mostraram que ela não nasceu prá ele. Frutos de um tempo que machuca! Faz-se uma comunhão de dores e pesares, dores e costados de feridas. E ela parte prá seu lado, sem colo, e e ele caminha em direção de qualquer parador. Paciências de amor ! Agora, onde existe a sombra guarda lá sua guarita. Ela? Perdeu-se ao vento, o mesmo que acaricia os pessegais!
José Kappel
Enviado por José Kappel em 31/07/2006
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