Andando Igual Pluma
Caminhar, breve, e
meditar enquanto o cão sonolenta. Pensar rápido como tábua de contas: um ano é igual a tantas eternidades, E quantas você puder aspirar.O sumo, o suco, a fome, no trem das quatro! Não aproxime, se canto enquanto não me visto, pros arcanjos. A saia do rei está enlameada e mal tricotada. Reveja seus olhos: são os mesmos de ontem? São os mesmos de domingo de Páscoa? Não, já não são. Distração por distração vou jogar xadrez lá num antro de Francoise. Ela, bem ela... Se casou aos trezes na antiga província, de tantas árvores; E aos catorze só sabia jogar gamão e descascar frutos e fazer ninhadas ! Amor? Perguntei tímido.. amor se foi –disse ela, de encanto. Começou querendo ir, E de tanta ameaçar amassou os lencóis de seda e, de repente, numa primavera sem sol ele se foi armada de três guardas da pompa e três donzelas videntes e ajudantes. Destas - de suavizar lágrimas de ontem em lenços de seda.Cumieiras de outros. Talvez não tenha nada com isso. Mas deixar ir, deixar, não deixo. Prata e acastanhados são seus olhos. Os meus de vidros, feitos pontes erguidas por cordas roliças ,grossas e aventurosas. Neste rio eu não caio, nado se puder, grito de ansiar, mas nele eu não caio! Mas deixar teu corpo assim juro nunca mais, nunca mais, juro. De falências tô cheio,até pra pré-morte já me convidam. Mas um dia quando neste mesmo céu arcanjo que eu vejo, você ver, então, sua voz anodoada perguntará: Mas quem era este homem. Este pobre homem, este homem de mil vidas que só procurou uma ? Este pobre homem, quem era, que de mortal tinha tudo, até sua faca lânguida e opaca, bem afiada e particular para certas ocasiões bem mortais ! E por dizer, digam todos: neste ônibus das cinco, apertado e suado, vou no mexe-mexe, pensando: Mas que diabos, Que diabos, Tô eu fazendo aqui ?
José Kappel
Enviado por José Kappel em 05/09/2006
|