Pérola de Carmim
A vez não tem
hora e quando chega, é a sua. Foi assim a vida toda: ela, de blusa de cachemira vermelha, -veludo carmim - , sedosa,pura, cheirosa, eivando o espírito mais simples, transcendendo a própria imortalidade. Mas teve a vez: o perfume se foi como voam àsperos, do frio, as andorras. O cheiro se transformou em âmago de nogueiras, em córrego passageiro. Mas teve a vez, o corpo que não era dela, nem de mim próprio, meu,sem dono, se foi com o tempo. Agora com o jardim já seco batido pelo sol, meado de fome, tem a luz que sufoca as plantas róseas mal-vestidas, e árvores quase secas. E assim se foi. A imortalidade tem um nome bem comum, Que poucos ousam falar: Tem nome de ontem dia vinte e pouco do ano nosso de cada dia, de cada minuto que sufoca a respiração da gente. E dissemos goodbye! No típico Bogart! E saudade tem nome, sim senhor: ventre escorrrido - de lágrimas do algoz cavalheiro - que agora só, é pedra !
José Kappel
Enviado por José Kappel em 05/09/2006
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