Meus Passos
meus modos
são pequenos, miúdos, quase obtusos, iguais à insetos em rumo. mas sincero e comovente é minha passagem. passo no arco de uma porta procuro por ela, ao largo. a porta é estreita abordada por feixes. mas só encontro os espelhos sem imagens, pois os que se foram nem deixaram uma flor, ou um arco de bela luz. querido amigo -dizia o bilhete - fui contra-vontade, e te deixo em boa hora pois tal milagroso amor, de falido, morreu! que faço eu? e o povo diz: planta e novamente colhe. minha desdita é pequena, boa de nela falar. o amor que de eterno tinha muito, viou suco de beber, caiu na boca do povo, virou caminho de roça. e, para o povo, puro motivo de troça: pois lá eles dizem: lá vai ele: o dono do amor eterno. que morreu nas mãos dela: amor puro, virou urso atravessado na meras trilhas de ontem. E, agora, vou mal até de berros. sal grosso nele! ave! ainda é pouco!
José Kappel
Enviado por José Kappel em 06/09/2006
|