Nas Saias de Rosinha
sou
muito precavido de tentar, até duas vezes, o laço de viver. ora, de muito simples, vim da roça, de charrete, por trilhas de cavalos, sempre rodeado de flores, e árvores nem sempre prumas. vim por vir, cheguei de bruço e torquilho de dores. tudo isso pra ver santinha: mulher de ritmo forte, cabelos de cachecol, olhos benditos de andorinhas. vim alegre, de passo rápido. mateiro, ah! me quebrei na cidade! explodi igual belo morteiro. mas fui na casa de santinha. fui lá de saudade batendo de medo, igual à tora-tora de árvore, que caem lá perto de casa. quando cheguei à custo, na casa da flor santinha, e a encontrei no parapeito do janelão fazendo festa de são judas nos braços de outro - um jamelão - quase desquadrinhei! minha pura santinha. tão famosa lá na roça, por sua formosusa e santidade provada, agora vive por moedas, nos braços de outro? vim, logo embora, de quatro, e sem mais nada pra assinar! peguei de lado, a primeira charrete de burro! e hurra! vim prá casa, todo embora. mas até hoje, hoje, passado uns pães de anos, ainda bem lembro dela que de belo dizia: amor, frestas de amor meu! nunca... nunca vou esquecer você ! hoje prefiro fenecer de morte por namorar outras santinhas. mulher de quatro, sem sorte. agora, vou de asa, pra morar sozinho! agora, ora de fazer farinha e tentar dormir! santinha morreu! tudo isso aconteceu em agosto. mas viva rosinha! que nisso, me salvo eu! mesmo nadando de desgosto!
José Kappel
Enviado por José Kappel em 06/09/2006
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