Maria Clarissa
perdi a corrente
da vida, o enlace de mãos, os afagos de beijos, e o corpo de espírito, do homem que sempre me iluminou de rosas. prá frente, sou da frente, daquela que carrega o andor de flores. ouso dizer que o destino me deu, por garra, e desdém, a facilidade da perca. sou sinada com isso. ganho fadas de bondade e depois me tiram sem nada falar, sem ao menos citar que eu o amava, de fraternal ao mais íntimo cálice de cidras de felicidade. orquídeas! se iluminem, é a minha vez. tiro por cima; choro para as estrelas, endosso a dor de não ter - é é fenomenal - passando a amar meu próximo e a dever amor - manto de seda - dádiva do ocaso, aos frutos dos hibernais. choro particular com tema bem sozinho e íntimo. peno sozinha feito árvores plantadas no cimento vazio. mas sei, que dando as mãos, um dia há de chegar, a nova voz da vida, e a ela - príncipe ou rei -, terei que entregar meus passos iluminados. mas sei e juro, que esquecer, não esqueço não, de todo,puro! sei dele por saudade, sei que se foi em direção onde palpitam os calmos e puros. um dia, talvez um dia, a gente volte a ser o que era: eu, rainha de sandálias de ouro, você, rei do feliz, com lábios de lilás. espere, me espero, vou junto, me aguarde, daqui de baixo o vejo, encastelado de saudades no veleiro da vida. e daqui já vou deixo, um beijo. assim, vivo assim! Portas Sombreadas Eu posso ter tudo julgando que tenho tudo que quero. Se eu acho que possuo tudo, então tenho as coisas que quero. Se eu perco no caminho algo de precioso.Apenas disfarço e sigo em frente. Magoado e triste. Mas vou de cabeça erguida.Latente! Tenho o que posso. O que não posso julgo que tenho. Além das Portas Sombreadas vive o outro eu. Cáustico,enigmático,diápaso, conivente com o humano e com as bordas dos corpos que me outorgam algum calor. Se meu tempo já passou. Ele passou. Esquece. Não torture os olhos com lágrimas. Viva cada dia,esperando a noite e dentro da noite se prontei para esperar seu novo raiar. Ilusões à parte, não sou feliz assim.Mas me acomodo assim. E tenho o que posso e as que não posso, finjo de barbatanas bem afiadas, que as tenho. Mas, pensando bem... não sou feliz assim.
José Kappel
Enviado por José Kappel em 06/09/2006
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