Pobre Valentia
Vivo aventuras de príncipes,
sem ter condado, vivo no arrojo de castelos onde não buliçam rainhas. E se me perguntam onde estou, digo, por volta e meia, sem voz prá gritar sem aparência para comandar: vivo esgueirando espíritos a procura do meu! E se quiser saber mais, mais eu digo, vivo um pouco dentro de você, no denso de sua alma no arquejo de seus anseios. Só percebe quem quer, quem duvida não tem vez, quem pergunta é prá saber, se quero assim viver é por pura ânsia de dois medos. E se um dia a gente se esbarrar num encontro casual, lembre-se sempre de mim como um espírito sem pátria, que vagueia meia-porta a procura de coisas amadas. E se a história é assim, vivo nela sem parar, esgueiroso e valente: e sei que um dia esta porta vai e se abrir e meu nome vai entrar colado em suas mãos. E ninguém pode ser assim tão insensível que não ouça meu brado magoado meu grito ardente, mas valente !
José Kappel
Enviado por José Kappel em 12/09/2006
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