Hora de Ser
Sou parte da nesga,
que constrói o desespero, do início e do fim das coisas perenes. Formo a angústia da espera. Torno o tempo escasso e volátil. Sou pária em seus braços, colisão da ausência. Sou texto familiar, moinho espanhol, palha dos mendigos. Meu caminho é pedrado de dúvidas, é rota de colisão com a ânsia e a solidão. Sou administrador de prostíbulos. Senhor de todas as abadessas, donas do prazer enigmático. Sou plantonista do aborto dos sem fins, dos sem causa, e sem sombra. Moro à bessa, a beira de um rio, onde falha a segurança, e brinco de vida e morte - um caso especial - sem moralidade ! Meu sol não acende mais minha vida, e a lua é quadro lastimoso, estático, que não inspira coisas de amor, mas só levanta o pó dos tropeiros da guerra. Agora, são 11 horas em minha vida: hora para caminhar entre arranhos e desesperos, e nadar no vazio das almas ocasionais. À você fica o abraço querido: quando da próxima vez a nos ver, trás um pouco de cura, e um formidável abraço de acalanto !
José Kappel
Enviado por José Kappel em 13/09/2006
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