Festa Só no Céu
Bem diante do tempo,
ou fora dele, porque são momentos razoáveis ou lanchantes da vida, quero ficar fora de antemão! E é por bem querer, ou não gostar, não querer saber o porquê, ou dele não querer deduzir, hoje tem coisas a postar no fundo do coração. E que seja mais um dia, recheado de nódoas ou baús maltrapilhos, que guardam sóis passageiros, que foi um tempo e o o mesmo tempo a levou! E que seja por mais, ou por menos, que fique já sabido e comungado, não vou sair mais de mim mesmo, não vou vestir roupas de domingo, nem vou à feira de todo dia, carregando a bolsa dela! Nem mais prá cima, nem para os lados, nem na direção oposta dos ventos sem prumo. Há dias que não são nossos e por dever, e obrigação, caio neles, como uma flor despida e com o sentimento disparado. E por tudo isso, e por mais querer, neste dia de congraçamento, que todos se reúnem para salutar e abraçar, é que penso: como está distante minha realidade das coisas e das gentes e do tempo que cerceia a memória como mata cerrada. E por tudo isso, hoje nessa mesa não sento, não. Presentes não tenho, porque não tenho a quem suposto dar. Abraços e calor não os recebo, nem o aviso deles! E por tudo isso neste dia de festa universal, me afasto para um canto meu, que fica moído de cruzes e paramentos. E digo sozinho: obrigado, obrigado por me fazer existir e , agora, em seu canto, fúnebre, soa apenas uma canção de ninar, pois dela até esqueci e nenhum tempo me trás de volta ou me faz lembrar. Dia assim não quero não. Dia assim eu passo. Prefiro ganhar a rua e lá, remanejado pela luz dos que foram beijar os que ficam, aqueles que os céus me deixaram, e que, cabisbaixos, tentam, em vão, se consolar em meu coração e atrevê-lo fazê-lo feliz. Hoje não dá, hoje é dia de banda, dia de abraçar mas é também dia de dor, dia que o sol se esconde no paraíso!
José Kappel
Enviado por José Kappel em 13/09/2006
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