Lírios de Sempre
Lírio de três véus,
lírio do amanhã, que sugere o amor de sua vez. Lírio que amadurece, ao posto-vento que redemoinha por entre a vida, e faz dela um perpétuo jaz de lembranças. Jardim que a abriga, sem justos e sem fundamento: lá, adquire o sentido de mulher ao fogar do sol, quando serena à noite pálida. E ela caminha por entre espinhos que não calam e desorientam, mas não refuga o próximo a visão do mar, a festa de nove meses, a reserva de amor. Sem segurança, rodopia por entre os dedos, sem apartes, e divide seu coração com os mendigos. Mas não mais adianta voltar, não mais adianta seguir. Os pêndulos da vida já a marcaram como zozinha das horas. E por mais que faça já não mais ela, é outro círculo que a faz. E numa bela manhã de descobertas avulsas, percebe, indecisa, que o chegar às vezes dói mais do que o ficar. E se é lírio morre cedo! Só pensando no grande amor que passou perto como o vento de ontem !
José Kappel
Enviado por José Kappel em 13/09/2006
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