Pano de Carmim
tudo começou
porque o destino quis e, se não quisesse aconteceria de novo, com terno de aceno, com lenço branco de despedida, com a mulher de entraves a dizer; vá ou fique, homem de deus, mas no tempo, não fique a rodar feito pássaro feliz ! sonhar agora nem vale a pena, dá dor e cobre de poeira. os poucos anos já lavados, que fizemos juntos, um pouco de vida sem saber, era onde tudo pulsava. uma zoeira! hoje mais homem, meio criança, chego na rua de nós dois e só vejo grandes cimentos sem sombra de jardins, ou riachos,, cimento de verdade, puro, erguido pra arder de saudade quem um dia viveu por lá, e, agora zonza por calçadas de pura alvenaria, sombras de gente chegada à ordem da selvageria! azar dos feitos! sou nascido mas peco ao falar. um dia, tal qual o sol e certo igual à lua, tudo vai nascer em outro, onde vão contar a mesma história, onde vão irradiar nascedouros de ouro. e juro! ao partir, vou sozinho travando no caminho de roça, minhas roucas lembranças minhas vestes de andarilho coberto de falta de amor e rasgos de carinho. azar! mas não sou ferino! sou peregrino! azar! errei! por gostar de jasmim, mas finjo que passo , mas sou corda de laço e fita de carmim
José Kappel
Enviado por José Kappel em 22/09/2006
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