Malpasso de Sol
Mal que passo,
mal que redobro, mal de amor, que me dobra. Mal que vivo dia sim, dia não, da glória revivo: de mãos dadas! dúzias de vezes ! Dia que passa, hora que atrasa, dias sem horas, minutos, em fila, e só segundos tortos. Se raio, esbanjo sua luz, se procuro o que não acho é às avessas. Ao revés, tudo plano, igual gaivota que, doce no ar, resplande no céu metrado. Se atraso sou perca das horas, se adianto, não resolve: O amor tem hora certa. Se perdi você foi você e por coincidência: duas estrelas, bem abandonadas, se chocaram no mais alto dos céus. Badeio lá pro norte ela foi sugada pela morte. E fiquei eu, sem bandeira e alforje; agora só sonhando: Como, de mansinho, acordar ela.
José Kappel
Enviado por José Kappel em 22/09/2006
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