Festa do Homem
estou partipando
da maior liquidação dos tempos, que de avêssa, ainda está andando. fui às ruas e vi tudo se vendendo: desde o pobre par de sapatos, à moça que, dizem ser, a mais nobre da praça, e, por isso, seu preço é dobrado. só vendo ! as festas e a zonas, iguais à casa de seu Chifrônio, são totais, e os vinténs correm de mão em mão, que se abrem igual à camada de ozônio. não é fantasia, não! não diria, se não fosse de todo verdade, e coberto de mel e chamas de broas passadas, que dá até tosse. na festa, acabei me vendendo também. à preço de custo! pois bobo não sou, e sei quanto valho sem dar qualquer susto ! me compraram por duas moedas e um par de galochas. fui feliz pra casa do dono. afinal, quem não se vende nos dias de hoje? ou da cabeça não regula ou de todo é tonto ! tinha até homem vendendo falência do espírito ! quis chorar, mas não deu tempo, pois já estava vendido, e meu novo dono gostava de brincar de matar, sem correr. e, sem mal falar, eu era o próximo da festa do homem, a aprender a dançar. ou, o principio de aprender a morrer !
José Kappel
Enviado por José Kappel em 25/09/2006
|