Doce Vinho
Doce vinho
que arruela a solidão; pavia a dor insensibiliza o andar. Vira a vida torto, num copo. Deixa prá lá os medos do corpo. Nem sempre foi assim, nem sempre foi pôr-do-sol. Teve um dia de várias vidas: abraços e beijos - as mesuras de minha vida ! Teve um dia que teve até família. Tudo junto, até que se enturvassem, e a vida os levassem, para o porto dos desavisados ! Porto dos incompreendidos, jogo de duas pás: uma para cavar outra para tapar. E assim a vida se levou, como a aragem de vento primaveril. Hoje em Trípoli ou Gasgorra, o gosto do vinho é quase o mesmo. Mas a vida... a vida, o tempo já levou. Hoje, chorar não adianta lá na frente tem gente mais forte ! Gasta você em seu medo, e se esconde dentro do passado, pois tudo acontece no de repente. E, no de repente, você chora ! Quando você procura vai ver que todos estão lá nas alturas, e você - Diablo das Ilhas - se vê dentro da caixa do medo perdido e marcando horas sem parentes e sem dor dos filhos!
José Kappel
Enviado por José Kappel em 25/09/2006
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