Andando
onde fui ontem?
pescar no rio d'águas, com peixes abundantes e ágeis. andei por ai, igual andarilho, sem muito tempo pra pensar. fui de lado e de frente: dava dor ficar parado! persegui ruas e avenidas mal iluminadas. tive saudades da minha terra. onde nasci com facilidade. onde tive pai e mãe, mas, hoje, todos feridos de morte. também avós e primos. um montão de gente que sempre me chavama de meu querido. não encontrei ninguém, aparentemente vivo. hoje sentei um pouco com velhos e antigos, antigos amigos. hoje,amigos de raspão. e, de repente, ao me sentar e golear o primeiro álcool, mergulhei de braços na mais incrível solidão . solidão forte, feita por homens. e comprendi que estava no fundo poço: não mais havia nada para sufocar minha alma. só não podia, - e vocês entendem -, mais ninguém por amar, e ninguém mais por chorar.
José Kappel
Enviado por José Kappel em 27/09/2006
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