Mulher Camomila
Roda a saia de azul, faz dela hortelã. Toca as mãos no rosto como se fosse uma santa - brando-jasmim. E digo: faz a roda Camomila, a roda das crianças. Morango silvestre, com blusa de cheiro velho, de empório. Mas faz a roda e moldeia Camomila, enquanto resta tempo pra chegar. Sai do pomar e carrega maçãs entre as pernas e especiarias nos lábios. Agora sou da cor de laranja-lima. Faz tempo, Camomila, faz tempo que tudo era roda de criança. Rodeia Camomila, pois o tempo agora me bate e daquela nossa época sobrou uma garrafa pura de aguardente, e uma lasca doída na carne... Quando ela sumiu pela porta, vento afora, e nunca mais voltou eu apenas disse: "morri também e meus pecados lá se foram com a doce e meiga Camomila !" José Kappel
Enviado por José Kappel em 16/06/2019
Alterado em 16/06/2019 |