José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

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No Fundo Escuro do Rio
 
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Querido pai.
Sei que
esperas com ansiedade.
Sei disso, pois sei do frio
do também sobrenatural
e por fazer parte da família
que se foi um dia.
Mas hoje...
hoje!
Estou feliz,
feliz assim:
cheio de roupa nova,
brilho de seda,
parecendo um
rei
que não se despertou
para o adulto.
Sou eu que desfruta
de satisfação e ventura;
sou ditoso, afortunado,
venturoso.
Lá por dentro
onde voam pássaros
de fogo estou
intimamente contente,
alegre, satisfeito,
por saber que vivo
estás
em algum lugar
que ficou.
Sou eu que prospera,
que não teme o além,
ou se desliga da vida
de modo permanente.
Sempre tive bom resultado;
fui bem-sucedido:
e favorecido pela sorte,
um afortunado:
Sua imagem é forte
proporciona felicidade,
e disparates
de emoção,
pois sou um bendito avulso.

Estou sempre bem
lembrado ou imaginado,
pelas moças da vila,
e vivo
com o restolho
de nossos sonhos.
Hoje denoto a visão
da alegria, com satisfação,
contentamento e ventura.
Uma zorra de alegria
numa pedra que bate
e não fere!
Mas, hoje, pai,
bem lá no meu
interior, abandonado
e triste,
vejo o que
me resta
de abrolhos
e confusa
sensação de
que nada fui
ou fui só
aparência de
carcomado.

E depois de
muito ver
e pensar
sinto
que minha
hora
chegou
pra me alentar !
E
daqui da ponte
vou ao fundo do rio
pra abraçá-lo !
Que mal fará
se apenas quero alentá-lo ?
Foi seu caminho.
Agora é o meu
desbotado de carinho !

De seu filho,

 
José Kappel
Enviado por José Kappel em 10/09/2019
Alterado em 12/09/2019


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