Doce Camomila
Roda a saia de azul, faz dela hortelã. Toca as mãos no rosto como se fosse uma santa - brando-jasmim. E digo: - faz a roda Camomila, a roda das crianças. Morango silvestre, com blusa de cheiro, velha, de empório. Mas faz a roda. Modeia Camomila, enquanto resta tempo pra chegar. Sai do pomar e carrega maçãs entre as pernas e especiarias nos lábios. Agora sou da cor de laranja-lima. Faz tempo, Camomila, faz tempo que tudo era roda de criança. Rodeia Camomila, pois o tempo agora me bate e daquela época sobrou uma garrafa pura de aguardente, uma lasca de dor na carne... E quando ela sumiu pela porta, vento afora, e nunca mais voltou eu apenas disse: - morri também e meus pecados lá se foram com a doce e meiga Camomila ! José Kappel
Enviado por José Kappel em 28/12/2019
Alterado em 06/01/2020 |