O Homem Sem Pele
A medida das coisas são tomadas com o tempo:
A peça de medir são os olhos; a maneira de sentir é a pele. Se você não vê, enxerga pouco, é o sinal dos tempos! Não se assuste, se agrave! A pele que você carrega pode ser a minha. Pode também ter sido de alguém. Esta maneira de aprender a gostar é difícil de entender e explicar. Mas a pele é o termômetro de tudo. Se você a tem, já é um início. E se tem tempo, melhor ainda. Juncou dores e anseios! Às vezes, você gosta não gostando, ama sem olhar, se perde no meio de si mesmo, cheio de perguntas e poucas respostas. É a bravura dos homens das estrelas que só resplandem à luz do sol. Nada mais interior do que o ser. O ser profundo: aquele que vaga dentro de si mesmo a procura de tudo que pode lhe valer uma vaga entre os indecisos ou passivos de alma. Ninguém é tão importante que não suporte uma dor. Outros sim, alguns não. Mas todos, ao roçar da pele e do tempo conseguem o esplendor de si mesmo ou sua derrota interior. Tenho dois pares de sapatos, uma gaveta cheia de fotos amareladas, uma montanha de luxo e uma flor em minha pele.. Me atiço com as coisas sem sentido enquanto saboreio meu prato do dia: meia garrafa do melhor uísque enquanto folheio jornais imaginários que só dizem que a melhor coisa é a melhor de todas as coisas: a chegada. Experimente esperar alguém: você fica à flor da pele e ilumina com milagres o seu tempo! Por isso, digo ao meu amigo do lado: faça de sua vida um pedaço de tudo. Reúna todas as coisas boas ou más, que tenham passado ou apenas começado e remoa cada uma num conjunto que o faça feliz. Afinal, é sua pele. Afinal, é seu tempo! E falando em felicidade só há duas no momento que são pujantes: a primeira começa ao raiar do dia quando você defronta a manhã e sente que tudo já passou e o sonho da noite foi apenas passageiro; a segunda, de classe especial, você vive toda sua vida num só momento. É quando sua pele mostra sinais de cansaço, ardor chameado de anseios. É o privilégio dos desesperados. Faço da rede meu campanário e, de longe, sentado, na minha varanda de inverno, vejo alguns humanos agendando o dia enquanto outros brincam de viver, de maneira portátil, na minha rua fornecedora de amores avulsos. São peles à mostra. E sabe, pego meu guardanapo, meu telefone, e me alastro de um lado para o nada e para o outro um arranjo especial: uma orquestra que toca infinitos, enquanto, penso eu: Mas que diabos tô fazendo aqui? Sou apenas um homem sem pele, de meio-adeus! José Kappel
Enviado por José Kappel em 09/01/2020
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