Orquestra dos Inválidos
Se procuro e não acho é porque não foi feito pra mim.
Se rebusco no aço, encontro lascas do que resta de mim. Sou homem atiço e de poucas palavras, mas de todo me dói quando procuro e não acho e quando acho o que encontro são flores de jaspe sem cor, indiferentes e renitentes. Se meu amor me chama, eu digo: agora não. Estou no jardim a procura da mais bela flor que esta manhã desdenhou e não surgiu. E assim levo a vida cheia de surpresas e infinitas angústias. Se sou o pai, não sei. Se sou o fruto, já me degustaram. Procuro agora alguma coisa que faça o céu ficar azul, a noite estrelar e dizer: não estou só, não estou só... Mas, estou sim, estou só... E, ávido estou pra conhecer - lá de cima - o que me reduz aqui embaixo. Boa-noite. Dorme bem. Vou para a orquestra dos inválidos tocar uma valsa e espero que todo mundo dance no rebordo dos céus! E ai eu entro para a eternidade dos vazios! José Kappel
Enviado por José Kappel em 18/01/2020
Alterado em 18/01/2020 |