Passadiço de Solidão
Sob a direção de minha já premente e usual solidão, me perco agora em pensamentos poucos comuns para um homem de minha idade. Penso em ser criança e não posso, Agora, agora mesmo só disso gosto! Mas não posso, a vida não dá deixas. Se perder o bonde, espero outro, mas não é o mesmo, que me levaria a sonhar com gosto! Mesmo sendo canhoto! Me perco diante de mim mesmo, sou imagem de corpo e alma. Isso eu vejo a toda hora com muita calma. Mas o que sinto no coração são puras farpas como alguém que andou no matagal da vida carregando um saco de lantejoulas mágicas e um arco. O que vejo agora não é mais o que eu via quando tinha a sua idade - aquela que o amor desflora - e você de repente, de um hora pra outra hora, vira princesa encantada, cheio de orgulho - e todos me olham. Hoje, passadiço de três voltas, sendo uma e meia, sou ardor de pedra, comida de ventos, e carne de sol! Igual, igual assim, ninguém erra! Se quero voltar não há passagem; se quero andar - dizem - mataram as aragens - Se quero subir a mais alta montanha me dizem ser incauto como tal arranha. E assim, vejo todos os dias você passar, de salto alto e metro e meio de saia. Penso em falar: Maria, Maria dá a volta, pensa e acorda! Eu sou sua vida Você é minha querida! Você é meu sonho preferido! José Kappel
Enviado por José Kappel em 18/01/2020
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