Ela
Se nas folhagens que rebatem o outono encontrar comigo, diga alô. Simples de falar, complexo de entender. Se sou um em vários, Sou todos num só. Difícil de explicar o que não existe. E se existiu já se foi. Nada mais puro que água de beber. Mas o barril chaveado de madeira reluzente e arcos iluminados, foi feito para guardar a dor e o vinho. E nele mergulho a solidão de quatro dias, quatro noites e anos e anos de escolha entre a paz e a seriedade. Entre ir ou não. Fincar juncos ou espairecer. Se vou vou à pé, como numa procissão arredia, vou com senso. Vou atrás da saia dela, de meio metro de cetim. E se um dia eu me encontrar com ela, prometo diante deste barril de puro vinho e discórdia: bebo ele como água, e tomo ela dos braços de Zeus e levo pra casa dos milagres de gente grande. José Kappel
Enviado por José Kappel em 04/08/2020
Alterado em 05/08/2020 |