Onde tem vozes, tem rumores, de onde partem as vozes, partem também dos agônicos. São simples, donos de cadeiras de vime, de mesas cheias e de alcachofras fazem refeições, estão parados ou andando, são o eu e o você, sempre adornados por banhos e são filisteus de luzes e sombras.
Os agônicos sobrevivem à custa de sua própria solidão. São felizes e parcos rondando um mundo que não existe - e que querem criar -. Falam alto e tem bom senso duvidoso e não fazem história. São passageiros como a mais rápida tempestade.
Tudo passa como se nada hovesse. E, em teoria, não existem. São tão passageiros que, ao procurá-los, já se foram.
Não possuem vista panorânica ou orgânica, nem dão informações. Passam ao largo de outros agônicos . Suas horas só marcam a noite. Encontro-os toda hora dispersos na balbúrdia da meia-noite.
São valentes e faladores. Bem vestidos e alcovistas. Estão sempre de copo à mão e um cálice em outra. É a solidão engatilhadas em seus braços.
São tão vazios que se enchem mais e mais de arsênico virtual, de coisas que não fazem sentido e, mesmo se fizessem, nada acrescentariam ao nada.
É o nosso pó que, relapso, vaga como um infinito a procura de alguma coisa que jamais vão achar.
E se algum dia achar, vão perdê-los como a mesma facilidade. Se os vejo, me afasto, se os abraço, temeroso me dói. Os agônicos fazem parte de mim e de todos. Se imiscuem como pequenos insetos.
Por isso,atravessamos seu tempo sem percebê-los. Ocasionalmente e destrutivamente, você se torna um.
Mas quem quer ser um? Um agônico? - Plataforma de falsos milagres e ralas esperanças?
Noite adentro fazem milagres que, ao rair do sol, se desfazem em cinzas.
Não são o queriam, mas são o que não podem ser.
Serão os agônicos, os donos da verdade, ou os precursores do medo ?
E o pior, eles já estão entre nós !
Eles se vestem de azul-escuro, de branco-preto, de rosa escuro, de azul-marinho, de cor-de-rosa, ou simplesmente de preto.