José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


Tempo do tempo arguto,

que me leva às águas claras

de um lago que já foi tudo

onde até rosa-marinho dava.

 

Tempo dos presentes, dos vivos,

tempo que caminhávamos

semeando lembranças de coração

e alegria de mãos-dadas.

 

Campos de flores ricas,

tempo que me diziam: me dê um abraço

que eu te dou um beijo

e canto uma canção.

 

Tempo dos tempos, sem idas,

mas, súbito, homens desabilitados, atemporais,

dele fizeram campo árido,

vazio e sem vida, sem encanto.

 

E, pelo árido destino,

fomos se perdendo de vidas

e do calor de nós dois.

 

Tempo-azul que se foi.

 

 

Hoje, se quiser vê-los

tenho a mágica da alça-de-porteiro:

é só chavear a porta, sem medo,

e abrir os portões.

 

E a paz do campo santo

onde dormem,

lá está altivo de saudades.

José Kappel
Enviado por José Kappel em 08/03/2022
Alterado em 08/03/2022


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