José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


Arguta manhã, 
de gestos leves, 
sem plantonistas, 
sem réguas de medir. 

 

Arguta manhã que me 
chameia de entrelaços, 
com os nobres de 
castelos falidos. 

 

Sei que daqui não passo mais, 
não rimo, nem desvelo, 
sou arrítmico e desvendado; 
troco de duas moedas 
e dono de sinceras mulheres 
avulsas. 

 

Procuro dentro de mim 
as poucas respostas 
que deviam resplandecer 
no lago azul, 
com margens corridas 
e cerradas folhagens. 

 

Se já estive aqui 
foi uma vez. 
e por não saber contar 
o tempo, 
digo agora, ou depois, 
mas aqui, certamente, 
me alvorecei 
de palha, 
de cetim com brocados 
e pedras. 


E fali no estalido 
do copo de cristal. 

 

Se foi agora 
foi por muito tempo, 
se foi longe, também 
foi um tempo tão 
longo, 
que dá até prá atravessar 
o céu em cem anos. 

 

Mas,me perco em conjecturas. 


Já sou homem de falhar 
Não tenho mais aquela festa 
de 15 anos; 


as pernas agora são dobradiças do tempo, 
e as mãos inquietas, rebuliçam o ar 
atônito, e sem nenhuma divindade. 

 

E por isso, 
minha canção termina aqui: 
eu,sozinho, no meu sótão 
de duas vidas, 
ou eu sozinho junto a minha 
vida que entreguei a ela. 

 

E, ela se foi,

bem disposta,

dançar no salão

dos nobres cavalheiros,

onde cada tostão, vale um milhão,

mas cada homem

é um milheiro

de solidão.


 

José Kappel
Enviado por José Kappel em 14/04/2022


Comentários

Tela de Claude Monet
Site do Escritor criado por Recanto das Letras