José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


meus modos
são pequenos,
miúdos,
quase obtusos,
iguais à
insetos
em rumo.

mas sincero
e comovente
é minha passagem.

passo no arco
de uma porta
procuro por ela,
ao largo.

a porta
é estreita
abordada
por feixes.

mas só
encontro
os espelhos
sem imagens,
pois os
que se foram
nem deixaram
uma flor,
ou
um arco
de bela luz.

querido amigo
-dizia o bilhete -
fui
contra-vontade,
e te deixo
em boa hora
pois tal
milagroso
amor,
de
falido,
morreu!

que faço eu?

e o povo diz:
planta e
novamente
colhe.

minha desdita
é pequena,
boa
de nela
falar.

o amor que
de eterno
tinha muito,
viou suco de beber,
caiu na boca do povo,
virou caminho
de roça.

e, para
o povo,
puro motivo
de troça:

pois lá
eles dizem:
lá vai ele:
o dono do amor
eterno.

que morreu
nas mãos
dela:

amor
puro,
virou
urso
atravessado
na meras
trilhas
de
ontem.

E, agora,
vou mal até
de berros.

sal grosso
nele!

ave!
ainda é
pouco!

José Kappel
Enviado por José Kappel em 09/05/2022


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