José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos

vira mesa,
põe mesa,
torce a corda,
banha no sol,
acalma a horda,
porque
estamos
juntos.

juntos de bastar:
ela sentada no meu
colo de verão,
e eu deitado
no seu espírito
até frágil,
mas vibrante
e meio
colossal.

ai, dá em
dúvida.

ela, bonita,
croata de
frente,
formada em
flores de
plumas
de jardim,
sempre bela,
igual sol
de inverno,
sempre afim
de jorrar o
quente.

ai,vem a dúvida.

todo homem tem,
se não tem
um dia vai
encontrar,
como se acha
um cacho de uva,
esquecido no pomar.

 

E vem a reposta dos deuses

que gerem essa coisa de amar :

eu não gosto mais dela.
ela não gosta mais de mim.

nem abrindo janela
pra entrar algum vento,
ou fechando portas,
pra esconder o céu azul.

estamos igual fundo de
panela:
não servimos mais pra nada.

e esta história
fim não tem:

não há como se
largar
um do outro,
nem carregando
a bandeira dos
solitários.

o tempo morreu
em nós,
passamos da época,
viramos saudade
de criança.

agora, vai dizer
isso pra ela:
-não digo não!
vem dizer pra mim,
não aceito não !

quem mandou casar
a gente?
sabendo que o enlace
começa de um lado
e termina do outro.

azar!

somos agora
um par
que mora
no fim do mundo.

amor danado!

começa
e sempre tem fim!

e ainda dança
na ala dos alados !

fim, não tem!

tem fingido
de arder,
tem ungidos,
sem prazer !

 

Mas juntos sempre estaremos,

mesmo escondidos

em nuvens de tempestades, pois

fim não existe

entre dois amores de afins,

separados  por mero descuido

do destino, 

que não entende nada de nossos 

brinquedos de amar !

 

 

 

José Kappel
Enviado por José Kappel em 10/05/2022


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