José Kappel

Um amor sobrevive a outro amor

Textos


Diferente de tudo,
compadecido de todos,
frugal, ativo
e necessário;
coloco sobre a mesa
de pesamentos
aquela que me primariza como
bom devedor de saudades.

Não basta saber,
bem ocultar,
falar aos sussuros,
pensar,
só medrar,
ávido e cativo.

E você é jogado no solápio dos sem afins.

Na minha porta de cedro
aguardo as repentinas

lembranças
que surgirão na leve
madrugada.

E me torno sonhos de vizinhos,
imagens sem tempo,
figuras dela,
ocultadas
no fundo do tempo,

já masqueradas,
muma hora que nunca existiu,
num tempo que morreu,
sem velório de lágrimas,
assim, como se abana
o tempo devedor
com a carícia de lástimas.

Hoje somos apenas coincidências
de duas portas:
quando ela fecha seu portal
de lágrimas,
eu abro minha muralha
de nunca mais.

José Kappel
Enviado por José Kappel em 13/05/2022


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